Greve na limpeza pública: patrões não repõem nem a metade da inflação e categoria paralisa as atividades
Depois de quatro meses de negociação, patrões insistem em proposta que diminui poder de compra de milhares de trabalhadores
É greve! Os trabalhadores terceirizados em limpeza pública iniciaram na madrugada desta quinta-feira, 20, a greve da categoria por tempo indeterminado.
Depois de quatro meses de negociação (a data-base da categoria é janeiro), a categoria não suporta mais a falta de sensibilidade dos patrões que insistem em um reajuste de apenas 3,19%, tanto nos salários quanto no tíquete alimentação.
Segundo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), a inflação acumulada de 2016 foi de 6,57%. Ou seja, a proposta patronal não cobre nem a metade da inflação acumulada.
“É importante lembrar a todos que a nossa categoria utiliza o salário e os benefícios para comprar comida, pagar aluguel, pagar energia, água, para sobreviver. Não é para comprar carros, imóveis. Assim, não cobrir nem a inflação e não dar ganho real, é deixar milhares de pessoas e suas famílias cada vez mais pobres, comendo menos. Já temos um salário achatado. Não podemos aceitar perder poder de compra”, apontou a presidente do Sindilimpe, Evani dos Santos Reis.
Reivindicações
A categoria representada pelo Sindilimpe reivindica reajuste salarial de 20% e tíquete alimentação de R$ 600.
“Os patrões aproveitam da crise para dizer que a situação está complicada, mas não foram os garis e coletores que criaram a crise. Não são os trabalhadores que estão envolvidos em corrupção, como vemos todos os dias. Os corruptos roubaram milhões e querem que a gente pague a conta?”, questionou o diretor de Comunicação do Sindilimpe, Eduardo Florindo de Amorim.
Ele lembra ainda que nos últimos anos, centenas de trabalhares que atuavam na limpeza pública foram demitidos. “A própria imprensa divulgou as demissões em massa muitas vezes. Isso impõem a gente uma carga de trabalho muito maior. É o pior dos mundos: muito mais trabalho, mais adoecimentos, mais acidentes de trabalho e ainda querem nos dar salários que compram menos”, denunciou.
Desde janeiro
A negociação entre patrões e trabalhadores em limpeza pública começou em janeiro. De lá para cá, pouca coisa avançou.
Os patrões insistem em 3,19% de reajuste, mas a categoria já negou essa proposta em assembleia realizada em 23 de fevereiro e decretou estado de greve.
“Eles não podem dizer que não sabiam da greve. Desde fevereiro a categoria está em estado de greve. E já publicamos edital avisando a sociedade dessa possibilidade diante da falta se sensibilidade dos patrões”, ressaltou Evani.