Perigo! Trabalhadoras da empresa Brasanitas passam sufoco na volta para casa nessa quarta-feira, 8
“Nós quase sofremos um ataque, foi horrível”, relata funcionária
Nessa quarta-feira, 08, trabalhadoras terceirizadas pela empresa Brasanitas que atuam no Hospital Meridional, em Cariacica, sofreram diretamente com a insegurança que assombra o Espírito Santo, devido à falta de policiamento nas ruas.
Segundo uma funcionária, que não terá o nome revelado por questões de segurança, a empresa buscou as trabalhadoras em suas casas de van, a partir das 4h30, para levá-las aos postos de trabalho. A promessa era de que elas seriam levadas de volta para casa ao final do expediente.
Entretanto, a funcionária recebeu mensagens de amigos e familiares relatando que no bairro Flexal I, vizinho de Nova Canaã, onde mora, estava acontecendo troca de tiros.
“Eu pedi a supervisora para ser liberada, mas ela não deixou a gente ir. E isso depois de já termos passado por problemas de violência na segunda-feira e ela sabia disso. Nesse período, as funcionárias estão sendo liberadas por etapa, a partir das 16 horas. Mas ela liberou outro pessoal de Cariacica e nós fomos as últimas”, relatou a funcionária.
Segundo ela, o seu grupo de trabalhadoras foi o último a entrar na van para ser levado para casa. Eram oito funcionárias, um encarregado e o motorista.
“Primeiro deixamos uma companheira em Vitória. Depois o encarregado que mora em Vila Velha, em um bairro que não está tão perigoso. Em seguida, deixamos outra em Nova Rosa da Penha. Para só depois irmos para Flexal I. Olha a volta que a gente deu”, apontou a trabalhadora.
De acordo com a funcionária, ao chegar próximo ao bairro Porto Novo, em Cariacica, um homem armado mandou o motorista da van recuar. E ao chegarem ao bairro Porto de Santana, um carro com homens fortemente armados ultrapassou a van. O motorista acelerou o veículo.
“Todas nós ficamos com muito medo. Eu pensei que ia morrer. Ficamos desesperadas e começamos a gritar. Foi horrível”, narrou a funcionária.
Após o acontecido, as trabalhadoras foram acolhidas por parentes do motorista da van, no bairro Vila Oásis, em Cariacica. “Nós sofremos um ataque. Eu não passei a noite lá porque meu pai me buscou. Senão, eu não teria como ir para casa. E a supervisora ainda queria que nós voltássemos para o hospital. Mas ninguém quis voltar e nem deixaram a gente voltar. Só volto para o trabalho quando isso tudo acabar”, garantiu.
Orientação do Sindilimpe-ES
A insegurança continua grande no Estado do Espírito Santo devido à falta de policiamento nas ruas. Diante disso, o Sindilimpe-ES solicitou ao sindicato patronal a liberação dos trabalhadores e das trabalhadoras sem prejuízo nos salários e nos benefícios, até que seja regularizada a situação da segurança pública no Estado.
O sindicato reforça que a trabalhadora e o trabalhador que não se sentir à vontade não deve ir trabalhar enquanto a situação não for normalizada. Reforça ainda que atuará para que não haja retaliação contra aqueles que não se sentirem seguros e não forem trabalhar.
Com a falta de policiamento, a responsabilidade pela segurança das trabalhadoras e dos trabalhadores é do patrão, que responderá caso haja violência no local de trabalho ou no deslocamento para o mesmo.
Nota MPT-ES
Nessa quarta-feira, 8, o Ministério Público do Trabalho do Espírito Santo (MPT-ES) divulgou uma nota pública na qual orienta os empregadores, públicos e privados, a não exigirem a presença de seus empregados nos estabelecimentos e demais postos de trabalhos, sem lhes resguardar a integridade física e o transporte seguro até suas residências.